domingo, maio 29, 2011

Agora sim, a primavera chegou!

Os 5 dias e 6 noites que passamos no chalé foram de chuva, chuva e mais chuva. Quase emboloramos. Mas entre gotas e outras gotas, sempre sai um solzinho. Se nevasse nessa época, era capazde ter nevado também. A missão, além de relaxar muito no silêncio profundo (exceto pelas quedas d´água, com toda a neve derretendo, e a passarada que praticamente não dá sossego!), era pescar um pouco, construir um deck de madeira na frente do chalé,ver bastante TV ruim, ler nossos livrinhos, enfim, curtir a vida. E apesar da chuva, foi possível fazer praticamente tudo! Porque noruegueses são extremamente adeptos do DIY (Do It Yourself), já que contratar gente pra pintar sua casa ou construir um simples deck de madeira pode quadruplicar o custo da brincadeira, meu maridis é muito prendado! Em dois dias contruiu o deck dele, mesmo debaixo de chuva. Tudo o que eu fiz foi ajudá-lo a carregar a madeira morro acima!

Colocamos o barco na água, depois de Lars ter pintado o casco com uma tinta que protege das agressões do mar. Saímos pescando, e eu fiquei um tempão tentando e NADA. Apenas um sei minúsculo que eu devolvi pra água. Então Lars resolve tentar, e juro, foi ele colocar os anzóis na água e um bacalhau de uns 4, 5 kg mordeu! Foi nosso almoço do dia seguinte, na churrasqueira nova. O povo aqui faz churrasco em churrasqueiras elétricas ou a gás, e como bons brasileiros, sabemos que o sabor não é o mesmo. Então insisti bastante pra comprarmos uma churrasqueira a carvão, e a história é até engraçada... Aqui em casa temos um potão de cerâmica onde jogamos moedas. As moedas que trazemos do mercado quando levamos latas e garrafas PET pra reciclar, troquinho do prórpio mercado, etc. Um dia resolvemos contar por cima e descobrirmos que tínhamos mais de 1500 coroas ali! Pronto, era o dinheiro da churrasqueira! Levamos a moedaiada no banco, eles tem umas máquinas que contam as moedas. Daí você passa seu cartão do banco e a quantia é creditada na conta. Modernidade é outra coisa... Então, na churrasqueira nova assamos bacalhau, alce, salsichas vagabundas que ninguém deveria comer, mas fazer o quê, e também assei mexilhões que catei perto da casa do barco...

Resolvemos voltar na sexta pra poder relaxar um tico. Ontem fizemos uma mega faxina na casa, lavamos todas as janelas pelo lado de fora, limpamos o forno, tudo! E depois fomos na loja de plantas comprar florzinhas, já a primavera finalmente chegou aqui e os canteiros da cidade estão infestados de tulipas em flor. Roxas, vermelhas, amarelas, uma belezura! E tudo em 5 dias, de uma hora pra outra. Comprei campânulas roxas, amores-perfeitos de várias cores, e um amor-perfeito miniatura que é roxo e laranja. Além disso plantei manjericão, orégano, manjerona, dill, salsinha e pimentas. Fiquei louca de vontade de comprar uma arvrinha de groselha, mas se eu der conta dessa mini-horta esse ano, ano que vem compro as groselhas...

O engraçado é que ontem até fez um solzinho e o povo em toda a vizinhança estava do lado de fora, enxadas ou cortadores de grama em punho, todo mundo trabalhando no jardim. Mas como a temperatura ainda oscila entre 5 e 12, ainda não tinha nenhum valente de shorts e regata. Mas logo logo!

Vamos às fotas. E a foto do blog muda com as estações, e para marcar a primavera, nada mais próprio que as ovelhas com seus carneirinhos primaveris!


Para um visual como o acima, nada melhor do que o demonstrado abaixo pra apreciar!



Salsichas vagabundas industrializadas, mas de vez em quando não mata...



Bacalhau secando nos vizinhos de chalé.




Detalhes da praia, onde a areia é coberta totalmente por conchinhas de todos os tipos.




A madeira do deck, que teve que viajar morro acima, no muque!


 As cachoeiras formadas pelo degelo

 Renas na beira da água, e a gaivota no mar!

 E cocô de rena no alto das montanhas - temos um vizinho sami, por isso tanta rena.

 A contrução do deck começa, mesmo debaixo de chuva.

 O lago onde nadamos há uns verões, ainda congelado no alto da montanha...

 E um laguinho no caminho de volta

O deck pronto!

E pra finalizar, o sol nascendo ontem, 1:30 da manhã!

sexta-feira, maio 20, 2011

Há um ano... Pra você. Sonildes!!!

Há um ano estávamos nós tirando férias, indo pra Malmö só pra conhecer Sonildes... Foi tudo lindo! Sonildes, obrigada mais uma vez por existir, fazer parte de minha vida mesmo que de longe, ser tão linda, tão amiga, tão cheia de compreensão. Obrigada pelo aniversário do Lars (que por sinal é nesse Domigo)... Sua presença na minha salinha virtual me dá forças pra continuar dividindo minhas divagações com um monte de estranhos (mesmo que el@s se sintam incomodados com meu palavrório) ao invés de fechar a portinha etérea desse blog. I heart u!!!!

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Aqui na latitude 67 graus e pouco, a gente sabe que a primavera chegou quando o cheiro de esterco invade o ar. Tem gente que odeia, mas pra mim há poucas coisas que aguçam tanto minha memória de momentos agradáveis como cheiro de esterco. Me lembro imediatamente do Pantanal, que foi meu lar por um tempo, e o  cheiro de esterco era parte do ar que respirávamos. Assim que sinto o cheirinho das fazendas aqui ao redor, um sorriso se abre. Ainda por cima se o ar lá fora estiver, pra variar um pouco, morninho! O povo aqui usa esterco pra adubar a terra, tão maltratada pelo inverno longo, temperaturas baíxíssimas e o peso da neve. A felicidade do cheirinho também me invade porque sabe-se que nessa época estão começando a plantar o pouco que dá nessa região - batatas, cenouras, rabanetes e algumas ervinhas. Logo logo alguns fazendeiros encostam seus caminhões no píer, perto dos barcos de camarão (que mostrei num post ali embaixo) e a gente pode comprar tudo fresquinho e tenro. Uma felicidade só! Os jardins começaram a florir agora. As estações mudam tarde aqui no Ártico em relação ao resto do país, julgando pelasfotas lindas de flores que Lulu postou unsdias atrás. Só agora tá esverdeando por aqui... Mas chega em ótima hora essa primavera tardia, fica tudo liiiindo.

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Seguindo a tradição, estamos tirando uma semana de férias agora. Vamos pro chalé, pintar o barco, botá-lo na água e começar a pescar. defumar um peixinho, fazer churrasco, fazer linguiça de alce, enfim, fingir que vivemos da terra por apenas uma semaninha. Aaaaaaaaahhhhhhh, se eu pudesse, eu amaria ser fazendeira. Eu sei o trabalho que daria, ainda mais aqui no cocoruto do mundo com esse clima tão inóspito. Mas imagina viver da terra... Fotas na volta.

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E gente, alguém aí crê que ando tão ocupada que fiquei umas DUAS SEMANAS sem ouvir a-ha???? Só me dei conta hoje ao ouvir o vozão do Morten no rádio lá no hotel. Essa vida de chefe está me matando! Assim não pode, assim não dá. Pra não perder o hábito...



"Here I stand and face the rain
I know that nothing´s gonna be the same again
I fear for what tomooooooooorrow brings..."

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E a todas 'minhazamiga' comentadoras no post aí embaixo, obrigada pelas diferentes perspectivas. O mundo não seria muito interessante se todos o enxergassem do mesmo jeito. Acho que desde o post de operária-padrão não recebia tanto comentário, rsrsrs! Infelizmente não tenho tempo pra responder a todas, mas fica o agradecimento pelo tom de respeito nos comentários, mesmo pra quem discorda. E Jacke, aprovei seu comentário agorinha, e quando recebo um depoimento como o seu, fico feliz demais da vida de saber que meu falatório ajudou alguém, mesmo que um tiquinho. Essa é a intenção, compartilhar experiências!

Agora vou tirar férias, gente boa!

quarta-feira, maio 18, 2011

O lado B do 17 de Maio

Então, acabou a festaria toda. Um dia inteiro de parada, gente com os trajes típicos e bandeira pendurada pelo ladrão. Comemoram o dia da instituição da constituição. Mas como tudo neste mundo tem seu lado B, vamos à ele.

(Antes que alguém já fique me achando uma chata-reclamona, eu acho imporante expor os fatos. Tenho Ó-D-I-O de um povo que acha que a Noruega é a Terra Prometida, o melhor lugar do mundo, cheio de gente rica e educada. Isso aqui é um país justo, correto, e rico, de modo a garantir uma vida decente à sua população enquanto durar o dinheiro do óleo. Mas tem seus defeitos, como todo lugar do mundo. E pouca gente fala deles. E eles me chamam aatenção, porque eu era uma daquelas que achava que aqui fosse Utopia. Então é legal mostrar os dois lados, sempre que possível)

Pois bem, meu primeiro 17 de Maio caiu num Domingo, e estávamos voltando do chalé. A sogra se esconde lá todos os anos. De festança mesmo só vi um povo narua em Fauske. No segundo, ano passado, eu estava de folga do trabalho, então botei uma roupona formal (um vestido, e passei um frio dos infernos, pois, lógico, chovia, tipisc, como dizem os nativos) e fui com Lars assistir à parada. Deixando bem claro, Bodø tem cerca de 45 mil habitantes, é uma cidade pequena, e no fim a parada fica igual todos os anos. Primeiro vem uma banda, depois a gurizada, depois o cube de futebol, o falido Bodø/Glimt, daí outra banda, então começa a bizarrice - clube de cahorros, clube de Tai-Kwon-Do, um grupo de ciclistas, outra banda, o grupo de Cheer Leaders, outra banda, a escola tal, mais uma banda, os clube dos cavaleiros (com os cavalos), outra banda, daí a Igreja tal, e por aí segue o trem (aliás, parada, em norueguês, é tog, a mesma palavra pra trem) por hoooooras a fio. Então, sejamos honestos e sinceros, entedia. Ano passado tive a impressão de já ter visto tudo...

E esse ano, eu estava trabalhando, porque todos queriam folga, e eu dei. Servi um café da manhã especial pra 20 e poucos hóspedes agradáveis, alguns alemães, perdidos na selva... E não tive vontade nenhuma depois disso de sair pra rua. Sempre tenho a impressão que já vi todos os bunads que poderia ter visto em duas vidas. É o tal traje típico que eles usam pra todas as ocasiões formais. É bonito e tal, cada região tem um especial. Mas é muito deles, muito mesmo. Eu jamais seria pega dentro d´um deles (I would never be caught dead wearing one, that´s what I meant), é muito noruga. A menos que eu fosse a imigrante que mais se sentisse norueguesa, aí sim, Mas não me sinto, e acho que não me sentirei nunca. Não tem nada a ver com gostar daqui ou não, mas com identidade, coisa que minha amiga Tietta apontou bem num comentário no post sobre a hipocrisia da Páscoa.

No início, eu achava liiiiiiiiiiindo o tal bunad. Hoje já não acho, acho que é uniformismo, conformismo quase, e tem muito a ver com a tal Jante Lov, um princípio norueguês sobre o qual um dia preciso falar, mas que resumindo,  define o comportamento norueguês (e escandinavo em geral)  em apreciar a homogenização da sociedade e desprezar realizações (sucesso, fortuna ou conhecimento) pessoais. Tipo "não se ache melhor que nós ou ninguém porque pra nós você não é nada." Resumindo, contar vantagem e posar de gostoso aqui pega mal pra caramba. E hoje, depois de um tempo, percebo algumas coisas... O uso do bunad uniformiza o povo, homogeniza mesmo, marca apenas de que lugar você vem, mas não o que você tem. Se é que alguém me entende. Nesse aspecto, é até legal. Mas é monótono, se é que alguém continua me entendendo. O povo casa de bunad, vai no 17 de maio de bunad, vai na igreja de bunad pra batizados e "crismas", enfim... Tudo! 

Mas voltando ao lado B... O lado B acontece na véspera do 17 de maio. E aí vem outra tradição local... Russ. Já falei um tico de Russ na época daquele programa ótemo da TV Norge, o Alt for Norge. Quando  @ sujeit@ adolescente termina a escola (13 anos de estudo até ir pra facul), eles comemoram tornando-se Russ. Durante o ano, eles tem vááááárias atividades juntos, com a escola. E a partir de fim de abril, eles se "fantasiam" com roupas de russ, umas calçonas decoradas com, claro, a bandeira noruga, e que podem ser azuis, pretas ou vermelhas. Como estão nos seus 18 anos, os monstrinhos podem legalmente beber. Daí os pais dão carros velhos pra eles, que eles pintam com várias bobagens, e entre 1 e 17 de maio saem festando pela cidade sem medo do amanhã! Eles "tem direito" de fazer TUDO o que quiserem. Ano passado mataram uma moça aqui nessas de bebeção e carros, e quase como nos trotes infelizes das universidades brasileiras, às vezes acaba em tregédia. Tregédia à parte, os monstrinhos legalizados ainda andam buzinando e soprando apitos infernais pra todos os lados, a qualquer hora do dia ou noite.

Semana retrasada uns deles, bebaços às 2 da tarde, estavam perseguindo um imigrante, um tiozinho conhecido no centro dacidade que anda fuçando as lixeiras pra catar latas e garrafas plásticas e reciclá-las nas máquinas dos mercados em troca de grana. Se o Russ não tivesse tão bebum ele teria alcançado o tiozinho, em pleno píer. E os transeuntes achando lindo, rindo pacas enquanto o adolescente manguaçado gritava "Norge er for nordmann!!!" (A Noruega é para os noruegueses...). Muito triste. 

Mas então, como o 17 de maio é o último dia de Russ, e é feriado, dia 16 à noite à cidade vira terra de ninguém. Eu fui trabalhar, saí de casa às 5:20 da manhã, e as ruas pareciam um quadro dantesco. Lixo, muito lixo na rua. bêbados caídos por todos os lados, e o recepcionista do hotel trancado lá dentro pra ninguém invadir. As coisas só acalmaram lá pelas 7 e meia, 8 da manhã. E aí começam a sair de casa as famílias digníssimas com seus trajes formais. Seria até engraçado se eu não achasse mei trágico, Mas enfim, é a tradição local, e nós, reles forasteiros que não somos nada, não podemos fazer nada além de respeitar tal tradição e nunca, jamais mencioná-la de maneira pejorativa....

Pra encerrar, uma peculiar foto do jornal local, o Avisa Nordland...
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Numa nota que não tem nada a ver, que eu PRECISO mostrar... Olha eu fazendo resenha de mulherzinha no bloguinho da Nara, que chiquê!!!

segunda-feira, maio 16, 2011

Imagens II

Bodø - e algumas atividades que praticam por aqui, na portinha do Ártico... Sabadão de sol, temperatura amena (entre 11 e 15 graus, um ventinho metido, mas gostoso demais ficar do lado de fora... Pra quem acha que o sol ártico não esquenta, ledo engano...). Mas então, é por essa época que os barcos começam a enconstar diariamente no píer vendendo camarão, às vezes peixe a até carne de baleia. Mas esse fim de semana só tinha um barco de camarão. Quando paramos pra comprar (estávamos de carro), o tio pescador disse que tinha vendido tudinho, mas em 10 minutos já encostava outro barco. Levamos o carro pra casa (umas 6 quadras desse local) e voltamos de bicicleta. 1) Mais fácil de estacionar, e, lógico, 2) pra poder tomar uma cerveja na cidade com esse tempo tão convidativo.

 Do outro lado, mais no sentido do centro, um Tivoli (é como os noruegueses chamam qualquer parque de diversão. Lógico, qual o nome do parcão de Copenhagen? É, faz sentido...) Mas esse parquinho tava já instaladão sábado porque amanhã é 17 de maio, o dia nacional da Noruega, e celebra a constituição noruga, instituída em 1814. Esse pedaço da história deles é longo e complicado, mas vamulá, é o dia deles... Paradas, estudantes se formando no colegial, festinhas, muita vestimenta tradicional e formalidades estão na agenda amanhã. Estou dando meio que graças por estar trabalhando e não poder festar na rua. Afinal, como dizminha amiga argetina Rita, quem viu uma vez viu todas...

 E daí meio disfarçando que fotografava a centopéia giratória, eu flagrei uma mesa de vovôs fazendo picnic. O povo compra o camarão no barco, e leva os acompanhamentos tradicionais: pão branco, que eles chamam de loff, limão e maionese. E assim se faz um rekersmørbrød, ou sanduba aberto de camarão. Acho que uma das tias sacou que eu tava espionando...




 Essa foto é mais velha, mas pus assim mesmo. É de umas 3 semanas atrás. Uma vista da cidade a partir do bar do hotel SAS, o edífício mais alto da cidade. 

 Eram nove e meia da noite e o sol ainda estava acima da linha do horizonte. Hoje já estamos praticamente sem poente, e em algumas semanas vem o sol-da-meia-noite.

 E então levamos o camarão pra casa depois de uma gelada na cidade. Já tínhamos comprado o pão, o limão e a salada, e eu fiz uma maionese com alho e pimenta. E bloody mary pra acompanhar, porque nada mais adequado...
 E assim se faz uma típica refeição norueguesa num belo dia de sol...

domingo, maio 15, 2011

Imagens

Primeiro, imagens da minha " Páscoa hipócrita" no chalé... Aliás, adorei os comentários naquele post. Me deu mais pano pra manga, o duro é achar o tempo pra sentar e escrever...

Visitantes comendo semente de girassol...

O tempo estava ruim, chuva e mais chuva derrentendo toda essa neve...

Não pode faltar, nunca!

O barquinho a deslizar no macio azul do fiorde...

Artística? rsrsrs

Outro visitante, esse minha sogra abomina... Um ratinho campestre.

Daí sai o sol e tudo vale a pena...

Espetáculo de vista.

Cisnes e gansos selvagens nadando em Valnesfjord.