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domingo, agosto 20, 2006

Coração partido na Finlândia & Freedom inaugurals

Bom, é isso mesmo... Leo, o namorado irlandês e eu terminamos a relação de um ano e pouco. Ele disse que queria coisas diferentes, e eu concordei. Foi duro, ainda mais porque não só sou obrigada a saber que o bicho está na mesma lata de sardinha gigante que eu, 24 horas por dia, mas além disso a loja onde trabalha é exatamente ao lado do bar onde eu trabalho. Enfim, meus amigos estão aí para dar apoio mesmo... E saímos da Finlândia rumo a um estaleiro em Hamburgo, na Alemanha. A saída de Turku foi linda porque o mar estava congelado, e precisamos ser rebocados até o Báltico. Um dos quebra-gelos se chamava Apu (para os fãs dos Simpsons...). Os funcionários do estaleiro ficaram lá no pier dizendo Adeus ao navio que eles construiram por 37 meses.

Durante aquela noite o navio navegou bem devagar em meio a uma grossa camada de gelo quebrado, e eu escutava os blocos de gelo raspando na parede do navio - minha cabine era lateral, no deck zero, como toda cabine de peão, né gente... Uns dias depois, já em alto mar, que na verdade não era alto mar e sim o báltico, todo o suspense depois de contornar a Suecia, para passar em baixo da Storebelt Bridge, que é uma das mais longas do mundo.



Na Alemanha ficamos, ainda sem passageiros, em doca seca (dry-dock) por mais cinco dias. A equipe precisava trocar um propeller com defeito. Então seguimos no mesmo ritmo de Turku - trabalhando em "hora comercial" e a noite, bota festança nosbares. Hamburgo é uma cidade bem bonita. E no dia 24 de abril o CEO da Royal Caribbean assinou o contrato de posse no navio, numa cerimonia chique na ponte de comando do navio. Claro que eu, Nadia e Kristine servimos as bebidas. Até aparecemos na TV, no especial do Discovery sobre a construção do Freedom. E depois disso, o navio pertenciaa Royal, assim que podiamos fazer que faziamos num navio da Royal. Para comemorar, a primeira Full Crew Party a bordo no crew bar - em Turku eram em uma disco na cidade.

Depois destes últimos cinco dias de férias, começamos então a receber ai mprensa européia, agentes de viagem e VVVVVIP guests, para cruzeiros de uma noite "to nowhere". A cada dia embarcavam aproximadamente 3000 pax, e saíamos com elas dando "uma voltinha no mar" - assim eles teriam chance de experimentar "the Freedom of the Seas experience". Detalhe que tudo era grátis para este povo sortudo. Eu e Nadia trabalhando no restaurante principal, responsáveis pelo estoque de vinhos (como boas e responsáveis wine tenders, as mais experientes da equipe, sacumé?). Vinhos que seriam servidos a vontade E DE GRAÇA no jantar... Enfim, fizemos isso na Alemanha, depois Oslo. A norueguesada bebia o triplo do que bebiam os alemães, e por conta disso o pessoal do bar tomou na cabeça, porque dá-lhe repor estoques todos os dias. Nem deu pra sentir o cheirinho de Oslo. E da Noruega para a Inglaterra, onde também não consegui sair do navio nem uma vez.

Então chegou a famosa travessia do Atlântico - seis dias em alto mar. O tempo estava divino. Muito sol, apesar da baixa temperatura. Não havia hóspedes a bordo conosco, exceto ainda alguns trabalhadores (porque afinal de contas o maledeto navio ainda não estava 100% pronto!) finlandeses e alemães, e uma equipe de TV belga que filmou um capítulo inteiro de uma novela. Muito engraçado, todos os dias anunciavam nos alto-falantes que precisavam de extras. E para "testar" os serviços, várias áreas abriram para os tripulantes. Todos os dias as piscinas, jacuzis, parede de escalada e toda a área de esportes abria, o restaurante principal abria pra podermos testar a cozinha, os show de variedades, as paradas e o show de patinação foram apresentados só para nós, e a cada noite dois bares abriam. Foi muito divertido. Mas então chegamos a New York, onde seria realizado o batismo do navio, e fomos recepcionados por 25 helicópteros da imprensa. Um episódio do Today Show com Katie Courik foi filmado a bordo, muita imprensa, um evento do Spike Lee tambem rolou, com direito a Oprah, Wesley Snipes, Morgan Freeman, etc. De New York a Boston, no mesmo esquema - 3mil in, cruzeiro até a esquina, 3000 out. Todos os dias, tudo de graça para os passageiros. E enfim, no dia 2 de junho de 2006 finalmente chagamos a Miami. Teríamos 2 dias para abastecer com os produtos de costume, pois até então tinha sido tudo especial e diferente. Neste dia também encontramos o Navigator no porto e eu consegui um tempinho para correr lá e dar um oi pros meus antigos companheiros. Alguns deles tambem vieram conhecer o Freedom.

E depois de exatos dois meses de muito trabalho, mas tambem muita diversão, o Freedom of the Seas partiu pro abraço com seus primeiros 4200 passageiros pagantes, no dia 4 de junho de 2006. Agora era hora de começar a ganhar dinheiro!

E com tanto trabalho, e tanta diversão, nem deu muito tempo de pensar no irlandês com tristeza. E no fim nos tornamos amigos...

Ah, e detalhe: eu era a única brasileira a bordo, num universo de 1400 tripulantes. Dá pra por a banderinha, né?

sábado, junho 10, 2000

Mar do Norte

Pois é, acabou-se a primavera mediterrânea, mas teve início há doze dias o verão escandinavo...

Partindo de Barcelona em 29 de maio, quando meu marido retornou ao inferno, rumamos às terras vikings. Antes, claro, passamos por Gibraltar, um pequeno país cheio de pedras, meio inglês meio espanhol, o qual não vi. Depois, Lisboa, cidade lusitana esta a qual não pude ver, pois os passageiros eram monstros alucinados, que comiam feitos dragas e aspiradores de pó. Além do que, todo dia de porto tinha almoço para travel agents. Então, mudamos de cor passando por Hamburgo, belissima cidade na cinza Alemanha. Cidade linda de morrer, com muitas facas alemãs à venda e muitas pessoas alemãs na rua. Lugar extremamente germânico, este... Fiquei, pela primeira vez, meio assustada com o fato de não falar a língua (e que não dá para sair pelas ruas na Alemanha dizendo Ales kaputz in kopf, Kartofenkopf e outras besteiras germânicas, né , Fabio???). Fui ao banco trocar dinheiro, e uma velhinha na fila desatou a falar comigo. RARARARA, nao sabia se ria ou chorava, entao simplesmente sai de perto. Ficamos em Hamburgo até duas da manhã, então eu e o marido fomos dar um rolê para ver qualé que era. Como Amsterdam, há uma rua chamada St. Pauli, que é tipo uma Red Line, toda baseada na indústria do sexo. Putas por todos os lados. Só dava crewmember na rua tendando dar uma aliviada na pressão. Mas as putas, alem de caras, direto dizem : "No black, no indians, no filipinos...". Pode, puta que escolhe???

Acabamos num café tomando cerveja dinamarquesa e comendo kartoffen fritten.

Depois, Oslo, ainda mais cinza, mas adorável, vista do deck do navio pq novamante nem pude sair...

E depois, Copenhagen. Esta sim, uma cidade belíssima. Fui passear com o marido, almoçamos comida dinamarquesa, tomamos mais cerveja dinamarquesa... E os dinamarqueses são super cool. E as bicicletas na rua? E um sol de lascar (para eles) e a gente com 15 casacos, uns dez, 9 graus, por aí...

Hoje, 10 de junho, chegamos em Harwich, Inglaterra, terminando um cruzeiro para começar outro, este sim, muito especial. Primeiro, porque é o meu último antes das férias. Segundo, pelo roteiro. Oslo (desta vez vou lá fora nem que tenha que faltar ao trabalho!!!), depois Stockholm, Suécia, depois Helsinki, Finlândia, aí São Petersburgo, Rússia, com pernoite e dois dias, como em Veneza, depois Tallin, Estônia, depois Copenhagen, com pernoite e dois dias.

Vocês acham que eu vou ficar um pouco acabada ou não?

E terceiro, pasmem: estou dividindo cabine com o meu marido!!!! E um fato raramente visto em toda a Royal Caribbean. Aconteceu que minha cabin mate Agnes, A Filipina, foi embora hoje, um cruzeiro antes de mim, não sei porquê. O contrato dela era diferente. As outras duas garotas da cozinha foram embora hoje. As cabines são limitadas, então o que passou foi que Chef Seidi tinha uma cabine de moças vaga, e outra cabine de moças com uma moça dentro (euzinha) e zero moça chegando. E ela tinha três moços chegando. Um teria que ficar na minha cabine, o que não poderia ser. Como o companheiro de cabine de meu marido se foi hoje também, tinha espaço, onde ela "teoricamente " poderia me colocar. Se eu não topasse, ela teria que mandar para casa hoje, o que seria ruim, pois faltaria uma pessoa para a cozinha.

Então ela me chamou no escritório e perguntou se eu me importava de mudar para a cabine dele. So faltou eu gargalhar na frente dela... Disse que de jeito nenhum. Ela perguntou se ele iria se importar, eu disse não, então, feito. Contei a ele e gargalhamos por 5 minutos.

Pensei que seria uma coisa meio lowprofile, uma vez que isto viola uma regra da empresa. Mas não, a chefa doida botou na lista de troca de cabine, no mural da cozinha. Todo mundo sabe...

Muitos casais agora vão reclamar, uma vez que a excessão foi aberta. Mas e só por um cruzeiro. Não to nem ai, vou aproveitar...

Começo a fazer as malas...

A tirar muitas fotos também... Vou ver o sol da meia noite...

Alias, são dez da noite e eu tô vendo o pôr do sol no mar do Norte pela escotilha do internet cafe. O sol levanta de novo as 4 da manhã...

Muitos beijos e até dia 13, meu querido brasilzão...

Beijo
Camélia