quinta-feira, setembro 30, 2010

Blåtur, ou Excursão da Firma

Primeiro, o firma é tirando um sarro, nos idos de antigamente (acho que em alguns locais, São Paulo mesmo, a turma ainda fala), quando o povo falava "festa lá da firma onde trabalho". Bom, acho que não precisava ter explicado, porque tira um pouco a graça. Mas já foi.

Segundo, blåtur, traduzido livremente, seria passeio, excursão (tur) azul (blå). Mas aqui na Noruega (ao menos aqui na minha) a palavra designa um passeio misterioso onde só o organizador sabe o destino, e onde geralmente se vai beber muito. Pode haver pernoite ou não. Pode ser da firma, um grupo de amigos, um vendedor corporativo que leva clientes, etc. Não tem muita definição, desde que envolva passeio + pingaiada.

Pois é, no fim de semana do dia 18, rolou um, lá do meu hotel. O cozinheiro novo e o chefe de manutenção/chefe da brigada de incêndio/supervisor do programa ambiental/recepcionista (pois é, o cara faz tudo isso,e eu acho que eu é que tenho acúmulo de funções, rsrsrs) foram acompanhados por moi, minha chefe, uma garçonete, uma recepcionista e sete camareiras. Quem organizou a bagunça foi minha chefe, portanto só ela sabia onde iríamos. O único aviso que recebemos foi pra nos agasalharmos porque passaríamos o dia ao ar livre.

Nos encontramos na recepção do hotel às 13:30. Fomos saudados com uma vitamina de frutinhas da floresta com Bacardi Razz, só pra elevar os espíritos. De lá fomos em bando à rua, andando em voltas pela cidade. Minha chefe quisdar um mini-perdido na gente, pra ninguém adivinhar o que faríamos. Então subimos pra praça, depois descemos pra Avenida principal, entramos na estação de trem - eu achei mesmo que íamos pegar o trem, talvez pra Fauske... - mas saímos pela lateral. E começamos acaminhar em direção ao porto, onde havia um barco da Hurtigruten ancorado. Pensei que subiríamos nele. Mas não...

Andando, andando, andando...

Já no primeiro destino

E então, recebemos cada um um macacão térmico, uma touca térmica, óculos de esquis, luvas térmicas, e lá fomos nós num barquito de borracha (daqueles que correm pacas, sabe?), rumo a Saltstraumen. Já havia estado lá em 2008 quando vim de visita, iclusive vimos uma lontra marinha... É a maior atração turística de Bodø. Trata-se do encontro de dois fjords, e na mudança de marés acontecem redemoinhos gigantes. Os redemoinhos mais fortes do mundo, me parece. Quem quiser, leia lá. Graças à Nossa Senhora do Medo de ÁguaFria, o mar estava calmíssimo.

No caminho até lá, paradas para lições históricas, o papel do norte da Noruega na II Guerra, e, para meu deleite e emoção, um bando de golfinhos - uns 15, juro! Duro foi fotografá-los.




Isso é tudo que consegui de um deles... Uma aguinha espirrando...




Terminado esse agradabilíssimo e lindo passeio, que eu nem tinha idéia que existia, voltamos pro hotel, e havia um ônibus nos esperando. Eu sabia que ia rolar um churras, mas não tinha idéia de onde. Aliás, ninguém tinha. O buso rodou um montão de tempo, até finalmente chegar num local chamado Futelva, rio pé, ou pé do rio, rsrsrs... Sim, tem um rio, e numa pequena península há um deck de madeira, e na beirada do rio umas mesas e churrasqueiras. É um parque, um espaço público, muito organizado e limpo. Aliás, uma coisa que eu tiro o chapéu pros norueugueses é a infra pra lazer ao ar livre, sempre limpo, inclusive os banheiros públicos, limpíssimos, e SEMPRE tem papel higiênico, rsrsrs! Ao menos por aqui....

Bom, porque o local era na floresta, estava friozinho. Mas logo acendemos o fogo, nos aconchegamos ao redor dele...





Vou confessar que nessa horaeu estava azul de fome, e sem entender botar muita fé no sentido daquela enrolação toda. E, aodesempacotar todaa tralha, minha chefe se deu conta de que havia esquecido as costeletas de porco no hotel. Fora elas, havia peixe, batatas (não sei o que seria dos noruegueses se não fossem as batatas... Eles gostam mesmo de batata, comem com gosto! Até as filipinas dizem que quase não comem arroz aqui na Noruega, e veja, filipino come arroz 3 vezes por dia. Pra um filipino, uma refeição sem arroz não é refeição. Eles dizem "Rice for Power!" nos navios...), saladas e um papilote de vegetais pra cada um. Mas mesmo assim nosso chefe de manutenção/chefe da brigada de incêndio/supervisor do programa ambiental/recepcionista pegou o carro da minha chefe e foi buscar as costeletas.

O lugar era bem agradável, mas tava friozinho, de modos que enquanto esperávamos, começamos a tomar uma cerveja. Havia vinho tinto e branco, água e café. Mas minha chefe tinha planos para o café mais tarde, mal sabíamos nós. Pra matar o tempo, achamos uns patos (selvagens, mas acostumados com gente) e as meninas começaram a dar pão pra eles (apesar dos meus protestos!) e oscoitadinhos coemçaram a chegar bem perto. Então alguém, acho que o cozinheiro, esfomeado, deu a idéia de assar os patos. Daí surgiram fotos toscas...


Pra sorte dos patinhos, as costeletas chegaram! Então almojantamos, e o vinho foi fluindo, fluinod, no frio que foi aumentando, e o calor do fogo deixando a gente de cara quente, sacomé, lá pelas tantaas tava todo mundo zuzubeim....

Então inventam de ir jogar um jogo! E já estava escurecendo na floresta. Mas montaram um jogo de pauzinhos, nos dividiram em dois times, e tínhamos que atirar pauzinhos pra derrubar os pauzinhos do outro time. Claro, com cérebros embebidos em vinho de qualidade duvidosa, e já no luso-fusco, foi uma tarefa praticamente impossível. Voltamos pro redor da fogueira e lá vieram as rodadas de irish coffee - era pra isso que haviam trazido o café.

Dá pra ver os resquícios de luz na no céu... Apesar do friozinho, a noite estava linda...

Nosso time tava ganhando, mas perdeu aos 46 do segundo tempo...

Então a noite caiu com tudo, e a bebedeira coletiva também. Minha chefe arrancou a roupa e foi de skinny dipping no gélido rio. Coitados dos patos! Acho que ao menos a bebedeira dela teve ter melhorado, mas ela queria que todo mundo fosse nadar, imagina... Eu corri da idéia como gato velho ao ver uma bacia d´água. Mas seguimos ali algumas horas ainda, o céu estava estrelado e belíssimo.

Lá pelas tantas (já passava de meia-noite) começaram a chamar táxis. E minha memória está meio embaralhada a partir daí. Sei que a camareira mais velha mal podia andar e estava pendurada em mim, e em certo momento fomos as duas pro chão. Bati a cara no pedregulho, um horror. Mas, chegamos ao hotel são e salvos.

Lars tinha ido caçar, portanto não dava nem pra pedir pra ele vir me buscar. Eu ainda precisava descobrir como chegar em casa. Sabiamente, resolvi deixar minha bicicleta no hotel. As meninas e o cozinheiro ainda queriam ir pra um bar. Confesso, cheguei até a porta, mas dei meia volta, percebendo que seria uma péssima idéia. Fui pra casa pelo píer, No caminho ainda parei num kebab, porque dormir de pança cheia de álcool e vazia de comida não é uma boa idéia. Todo bebum sabe disso...

Domingão acordei sem saber onde eu estava. Levantei e vim até a sala procurar minha mochila, minha carteira, telefone e máquina fotográfica. Tudo em ordem. Deus protege os bêbados e as crianças, dizem por aí....

Minha resistência ao álcool caiu muito desde que vim morar aqui. Quando vivíamos no navio - assim como TODO tripulante, talvez exceto pelo Capitão, rsrsrs - bebíamos praticamente todos os dias, socialmente. Aqui na Noruega, bebe-se apenas nos finais de semana, quando acontece, e por isso o povo bebe tudo de uma vez. Acompanhá-los é difícil, gera arrependimentos e muita dor de cabeça, ainda mais ao acordar no dia seguinte e ver seu rosto machucado sem lembrar como aconteceu (quando caí no pedregulho, &*%¨$#*). Maaaaaaas, também não quero ser hipócrita e ficar criticando os norugas. Afinal, se trabalha pracarvalho por aqui, lazer, se não for outdoors, é caro, e se esse é o jeito deles (nem todos, mas boa parte) se divertirem, deixa os caras. When in Rome, do like the romans, mas não precisa ser toda vez. Afinal, em um ano e pouco que trabalho no hotel, foi a primeira vez que confraternizei com meus colegas, exceto pelo Natal, onde a Gerente estava presente, tudo foi mais comedido, e eu estava de guarda na manhã seguinte. E vai levar um bom tempo pra eu fazê-lo de novo...

Valeu a pena pela lindeza toda do passeio, pelo pessoal agradabilíssimo que trabalha comigo, e nada que duas aspirinas e vários litros de água não resolvessem... Agora eu sei bem o que é um blåtur...

sábado, setembro 25, 2010

Publicidade noruga

Aqui em geral é 8 ou 80. Ou os comerciais são péssimos, cretinos mesmo, ou são excelentes, de altíssimo nível. Tem um par que eu quero apresentar, mas um carece de legenda. Esse não, é possível pescar a mensagem mesmo sem entender o diálogo. Mas se alguém aí tem Tico e Teco de férias, explico. Uma lojinha de imigrantes (bem típica aqui). O tio acha que vai poder assitir TV comendo o último pacote de batatinha frita da loja. Eis que... Notinha - essa versão é a completa. Na tv o filme tem só 30 segundos, mas causou gargalhadas que demoraram pra ir embora, em mim e no Lars, a primeira vez que vimos.



Isso foi pra ganhar tempo, porque tenho um post sobre a excursão da firma que fizemos fim de semana passado. Logo logo...

sexta-feira, setembro 17, 2010

A volta dos poentes...

Num lugar onde o sol nem se põe por algumas semanas, quando ele volta a fazê-lo num horário que nós, seres tropicais, consideramos normal, chama a atenção em dobro. Essa é nossa varanda. Como dizem que uma imagem vale mais que mil palavras... Acho que nem preciso dizer mais...


Preparando pro ano que vem... Earth Hour 2011

Você viu primeiro aqui! (I hope...)


quarta-feira, setembro 15, 2010

Summer moved on

Chegou a hora de cantar o musicão do a-ha, com aquela nota de 20 e tantos segundos. A doideira é que, ao contrário de junho e julho, agora tá fazendo um tempinho bem agradável, praticamente um veranico. Quase não choveu em agosto e esse mês choveu pouquíssimo. Minha roseira floriu quando voltamos de Tromsø. Me lembro de ano passado ter excomungado São Pedro, Santa Clara, seja lá quem fosse o bendito responsável pelas chuvas, e achei que ia embolorar... Além disso, perdi um celular e uma câmera quando meus bolsos alagaram com a chuva no Parkenfestivalen, e esse ano estivemos pescando e colhendo mirtilos debaixo de no máximo uma garoa. Sim, o tempo está, de fato louco. Não tem como negar... Então, esse ano a ida do verão se caracteriza por aqui pela chegada da escuridão, e não pela queda de temperatura - ainda. Os dias tem tido a média de 12,13 graus...

♩♫♩♬Seasons don´t last, and there´s just one thing left to aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaask... ♩♫♩♬



A escuridão está voltando, ela chega de fininho, vai se instalando, uns minutinhos a mais por dia. Hoje saí pra trabalhar no escuro, às 5 e meia, depois de muito tempo. O pôr do sol está acontecendo por volta das 7 e meia, mas cada dia mais cedo. Logo, logo teremos umas 4 horas de luz por dia. Ainda bem que aqui em Bodø não tem noite polar como em Tromsø. Acho que seria bem mais difícil...

Tenho andado sumida porque, na verdade, ando muito entretida com o Twitter. É a forma mais rápida de difusão de informação que eu já vi, e ainda por cima é possível filtrar, olhando apenas aquilo que realmente interessa... Visito os blogs de sempre, quase sempre, mas quase nunca comento, e muito mal-educadamente nem tenho respondido os comentários que meus 3 leitores deixam aqui. Perdoem, não é falta de educação, é de inspiração mesmo. Ano passado andava bem produtiva com o blog, mas tenho a cada dia perdido mais o interesse. Talvez pela impossibilidade de manter uma linha (tipo, se eu me restringisse a falar apenas sobre a vida aqui na terra do bacalhau fresco com batatas), porque eu sou prolixa - e percebi que não dá pra postar tudo o que queremos. É um pouco sufocante... E porque ficar falando do a-ha o tempo todo enche o saco dos leitores, né...

Enfim, para ajudar com a escassez de tempo, ainda tem a dura decisão de escolher o que fazer com meu marido e sogra no Brasil em Dezembro. Além de um passeio obrigatório ao Rio, a dúvida está entre um praião em Cumuruxatiba ou as águas cristalinas de Bonito... Alguém aí se habilita a dar parpite?

Ah, último detalhe... Semana passada fui na Escolinha do Professor Raimundo pra ver se eu podia recomeçar as aulas à noite ao menos por esse semestre, e levei um não na cara, por falta de vaga. Comi bola e perdi a data de inscrição. Pra quem vem morar na Noruega, uma dica... Faça as malditas 300 horas obrigatórias de curso logo e livre-se disso de uma vez por todas. Depois pense no resto. Eu comecei a trabalhar primeiro, e agora deu nisso. Vou ter que fazer mágica e me desdobrar ano que vem pra levar o trampo e as aulas integrais... Aiaiai.

Ah, por último, juro... TRUBIES - alguém mais achou o final da terceira temporada o mais lame-ass possível? A temporada foi de tirar o fôlego pra morrer na praia assim aguada, afemaria, zents! Alan Ball que me desculpe, mas vápapo*¨*&¨&*%&! E sabe o que? Por causa dessa extasiante temporada eu não me aguentei e comecei a ler o quarto livro da série, e ele é moooooooito bom! Não consigo largar... Muitas supresas. Esperemos até junho do ano que vem. Enquanto isso assito o Paul Watson brincando de pirata e de fazer drama na TV em Whale Wars no Animal Planet. Não sei quem vê a série, mas pra quem vê a série e curte South Park, vale assistir o episódio de South Park em que eles tiram um pelo com a cara do Watson. Chama-se Whale Whores, é o 11o episódio da 13a temporada. Quem quiser, manda comentário que eu passo o link... Bonus pro Cartman e cia cantando Poker Face no Rock Band. Hilário, acho que acordei os vizinhos de tanto rir...








terça-feira, setembro 07, 2010

Minha mega a-haventura em Tromsø - parte 2

Então, nesse post relato tudo sobre Tromsø (pronuncia-se Trumsa, assim como Bodø pronuncia-se Buda) que não tem relação com o a-ha....

Saindo do show, descendo as ladeiras da cidade, a batalha agora seria achar um buraco qualquer pra comer qualquer coisa. Aqui na Noruega, em geral, os restaurantes fecham suas cozinhas às 11 da noite. Depois disso, só os fast-foods da vida e quiosques, em geral de kebab, mas que servem também todo o tipo de porcaria, de cachorro-quente, pizza e hamburguer aos próprios kebabs nada tradicionais. Em geral, esses estabelecimentos são ou de propriedade de estrangeiros, ou tem imigrantes trabalhando neles.

E foi então nessa ocasião que presenciei a primeira cena de violência (mesmo que verbal) a um estrangeiro, e manifestação de racismo na caruda, aqui na Noruega. Quando eu entrei no kebab, havia duas mesas (das 5 possíveis) ocupadas, e na fila um bebum podre de bêbado e dois casais. O rapaz que trabalhava ali era bem moreno, cara de árabe/paquistanês/indiano. Ele estava sozinho e estava ocupadíssimo, precisava cobrar as pessoas, preparar os pedidos e levá-los pras mesas. Numa das mesas, um casal mais um cara, bem impaciente, ficava resmungando alto que tava com muita fome. Entendo a situação do cara. Afinal, no Burguer King nem cabia mais gente dentro. Os 13 mil que desceram do Valhall mais o público normal da cidade, tava tudo muito lotado mesmo. Esse kebab tava até vazio comparando com os outros, e os tamanhos das filas nos trailers que vendem o mesmo tipo de comida nas ruas era desanimador pra um sujeito que estivesse COM MUITA FOME.

Então o rapaz serviu o pedido daquela mesa onde o sujeito resmungava. Porém o pobre rapaz esqueceu o hamburguer do sujeito... O sujeito se enfureceu, mas seguiu esperando. Quando a fila começou a sair da porta pra rua, o rapaz fez um telefonema e em 2 ou 3 minutos chegou outro estrangeiro, com os cabelos completamente em pé e os olhos amassados, cara de quem levantou do décimo sono. Com 2 ali atrás do balcão a coisa começou a andar mais rápido. Mas não fizeram o hambeurguer do sujeito reclamão, que esperou uma meia hora, enquanto seus companheiros apreciavam um kebabão... Então, fila enorme, agora todas as mesas ocupadas, esse sujeito se levanta e começa a urrar que queria o dinheiro dele de volta, "seu bando de estrangeiro FDP*&^%, vem pro meu país porque se nem tem competência pra fritar um hamburguer, burros, idiotas, NEGROS"... Meu quiexo desabou... As pessoas todas presentes rindo muito. Não consegui decifrar se rindo porque acharam engraçada a situação, se porque acharam o sujeito muito trouxa e ridículo, se riram dos estrangeiros... Eu fiquei muito, muito constrangida. E o sujeito, gritando NEGROS (em norueguês a palavra é neger) do meio da rua, uns 2 ou 3 longos minutos, ao invés de ir pra outra fila tentar conseguir um outro hamburguer...

Depois dessa cena, minha comida ficou pronta, agarrei meu pacote e saí, me sentindo bem mal, e fui comer no hotel... Dormi com vontade, como dizem no Pantanal dormi bem duro, mas mais de 2 da matina... No outro dia levantei às 8 e meia como se tivesse dormido 10 ou 12 horas. Cama boa e um silêncio sepulcral são tudo de que preciso!

Saí pra dar um rolê pela cidade depois do café da manhã, enquanto fazia hora pro Lars chegar. Na praça principal, uma Bondensmarked, ou feira de fazendeiros. Vivo perseguindo a de Bodø agora no fim de verão, começo de outono, e nunca consigo alcançar porque tô sempre trabalhando (eles fecham às 2, sábados eu saio às 3), e vou dar de cara com uma em Tromsø... Morangos, cerejas (por 5 coroas e 90 centavos uma caixinha, aqui nunca por menos de 35!!!), muitas framboesas polares de Hamarøy (perto do nosso chale e bem longe de Tromsø, rsrsrs), batatas, aipos-rábanos e outras raízes afins, beterrabas, cenouras... Tudo orgânico ou direto da fazenda e eu sem poder comprar NADA! E me chamou a atenção uma barraca com umas moças tailandesas vendendo thai satay de frango e porco, e espetinhos de camarão... Hum, hum!

A feirinha... A primeira barraquinha, à esquerda, é a das tailandesas. Acabamos almoçando ali mesmo, mais tarde!

De outro ângulo

E aqui, a Tromsø Domkirke, a única catedral de madeira da Noruega, construída em 1861

Continuei minha caminhada, passei por lojas fabulosas (não sou muito dessas coisas de gastança com roupa atualmente, mas em Bodø só tem as Cubus, Lindex e H&M da vida, e todo mundo se veste igual. Ao ver uma Oasis ou Zara eu ADOGO!), resisti a uma tentação terrível de comprar um casaco divino da Desigual por 1300 coroitas (mas eu resisti, VIVA!), e pra deleite, achei uma loja de cafés e chás que vendia café brasileiro moido na hora. Comprei o café brazuca, três pacotes de chás orgânicos (mirtilos com iogurte, marroquino de menta e um indiano, de especiarias), comprei um aparelhinho que serve pra fazer espuminha no leite (tomo café com leite e MUITO chai indiano em casa, e não é a mesma coisa sem a espuminha). Depois da orgia gastanço-gastronômica, fui zanzar pra procurar um restaurante pro almojantar, imaginando que deveríamos reservar uma mesa na cidade tão cheia. Achei um recomendado pelo guia local impresso, chamado XII (12), e também enoteca-restaurante. A especialidade deles era bacalhau (!!!) e vinhos ibéricos... O menu parecia muito tentador. Até bolinho de bacalhau eles faziam... Porque aqui na Noruega se come o bacalhau fresco muito mais que o seco.

Aí voltei pro hotel, pra dar um tempo da garoa bem fininha que insistia em cair desde noite passada, e me refazer da friaca toda... E mal pisquei, Lars já estava chegando.

Tinhamos nos programado pra fazer duas coisas principais... Ir à Catedral Polar de Tromsø, cartão postal da cidade, e depois ao Museu Polar, com uma exposição permanente dedicada aos exploradores polares noruegueses, especialmente Roald Amundsen.

Começando pela Catedral, que ficava do outro lado da ponte. A ponte parecia loooonga, então fomos de busão. No banco do busão, alguém havia largado um jornal local, com o Morten na capa, falando do show de ontem e dando nota 6 (de 6 possíveis!). Entretenimento garantido, li o artigo ao invés de zoiar pela janelado busão e tirar fotas. Mas também, o tempo estava tão feio, tão feio, que seria mutcho difícir fazer fotas boas....

Vamos à Catedral...

Vista do lado de cá da ponte...


Vista dos fundos, do lado de lá da ponte...



O vitral gigantesco... Mas honestamente nada de excepcional.

Aqui sim, uma vista excepcional. Dentro de mais alguns dias, quando começar a nevar por lá, a vista no fim da tarde é essa... Essas montanhas ao redor da cidade são majestosas e dão um ar todo especial pra esse lugar..

De lá atravessamos à pé a ponte, e rumamos pro Museu Polar. Uma decepção total. Na entrada, vááááários arpões de caçar baleia. Lá dentro, uma penca de bonecos horríveis de fibra de vidro, e vários outros animais mortinhos e empalhados: ursos polares, focas de todas as espécies possíveis, raposas árticas, peles de lobo, e, pra minha maior revolta, na lojinha, vendiam TUDO de pele de foca. De um casaco no valor de 12 mil coroas até porta-níqueis. Fiquei poooota. Sobre o Amundsen, nada. Só uma menção. Acabamos compramos um DVD, caro à beça, que tem vídeos de 1912, quando da expedição dele pra Antártica. Pra quem não sabe, foi ele quem clamou os dois pólos para os noruegueses... A fota que tirei com a estalta do walruss foi antes de entrar no museu e me revoltar...

Lars e o ídalo...

Eu e o Leôncio...

Os famigerados arpões...


Depois de tanto bicho mortinho, era hora de tomar nossas vitaminas pra melhorar o humor. Fomos então ao bar na cervejaria Mack, a cervejaria mais ao norte do mundo! O lugar chama Ølhallen (alago como salão da cerveja) e é o pub mais antigo de Tromsø. Abre das 9 da manhã às 5 da tarde e por isso é um reduto de alcóolatras. Mas resolvemos arriscar. E demos sorte, chegamos às 4 e o lugar tava vazio... Tomamos umas Macks que não encontramos em outras partes da Noruega, sendo uma a bock, excelente!

Nam-nam!

Mais bicho morto, depois de umas cervejotas daquele tamanho...

Segundo o bartender, esses ursos não eram de verdade, mas não acreditei nele não... O buteco fechou, e voltamos pro hotel, dar uma arriada nas pernas antes do jantar.

Foto do menu de um outro restaurante que eu queria ir, mas boicotei na hora em que li o menu...

Acabamos indo no restaurante de bacalhau mesmo (XII Mat & Vinhus) e no fim os bolinhos eram espetaculares. Pra molhar a goela, um Alvarinho português, barato e decentezinho. O bacalhau com presunto - que a garçonete pronunciou em português diretinho - tava muito bem feito, bem gostoso. Na verdade, o melhor bacalhau que comi na suposta terra do bacalhau (que não é!) que não foi feito por mim... Mudesta, né?

De lá demos umas voltas, na chuva, tentando tirar fotos da catedral iluminada do outro lado do fjord, mas tudo em vão. Pouca luz, fotos todas tremidas. Hora de procurar abrigo, fomos ao Gründer, um bar-restaurante que tinha uma filial em Bodø e outra em Harstad. A de Bodø faliu no inverno. Coisa mais triste, era o único bar que tinha uma carta de drinks esperta na cidade. Por isso fomos matar a saudade, e pra nosso espanto, a matriz era BEEEEEM maior! Bar lotado, mas ainda sobrevivemos a umas 3 rodadas antes de jogar a toalha, afinal nós dois saímos pouco e não conseguimos mais acompanhar o ritmo da norugada out numa naite de sábado...

Porque acordamos com uma ressaca que não tínhamos desde os tempos de navio, rsrsrs.

E assim terminou essa outra a-haventura, a terceira de uma série de 4. Em três meses acontecerá a última, dias antes de nossa partida pro Brasil com Dona Sogra a tiracolo... Oslo vai ser muito divertido em Dezembro com milhares de a-hafanáticos!

A primeira parte deste post está aqui...

Pra quem achou que eu não ia meter o a-ha neste post, eu menti!!! Hauahuahauhauahua! Toma mais uma! Afinal, se não fosse por eles, eu não teria ido a Tromsø... Eu AAAAAMO os 3 tocando guitarra juntos...



Ah, e respondendo pergunta da Lu... Se Tromsø é a Paris do Norte, eu diria que não. Mas considerando o fim de mundo que é daqui pra cima, a cidade é grande, cheia de opções gastronômicas, lojas e outras coisas que talvez seja muito possível não achar em outras cidades. Mas que é um lugar encantador e adorável, isso é... Mais charmosa até que Trondheim, pra falar a verdade.

Mas um traço em comum com Bodø: nem McDonald's nem IKEA. Porque será?

segunda-feira, setembro 06, 2010

Entre duas partes de um post

Só pra registrar o quão p$@&*¨$*@&$@* da cara eu tô com a HBO. Como assim, deixar a gente esperando o episódio final de True Blood uma semana inteira? Tádisacanagi, né? Por hora, babemos... Eu já estou lendo o quarto livro, Dead to the World. Não aguentei. Mas os roteiros não seguem os livros à risca mesmo, então não estrago o suspense.



René esganando a Arlene, o namorado voodoo do Lafayette, tem gente que jura que viu Godric no vídeo, e o Alcide dando porrada no Bill, a Rainha Sofie de luto pela "morte" do Russell.

Aliás, vamos combinar, como é que não deram um Emmyzinho pra esse povo, hein gente? Fala se o Russell (Denis O'Hare) não precisava de um, fala! Só por essa fabulosa cena do episódio 9 da 3a temporada, "Everything is Broken". Pra mim essa foi a cena mais genial da tv nos últimos 10 anos... O discurso, a auto-crítica, tudo!



Maaaaaas, será que vão mesmo matar meu Eric? Pode não, Alan Ball. Pode não!!!!

Pronto, desabafei mais um vício. Agora voltemos à Tromsø...



domingo, setembro 05, 2010

Minha mega a-haventura em Tromsø - parte 1

Sexta feira, um dia de sol de lascar, daqueles sem uma nuvenzinha no céu em Bodø. Mas eu nem consegui me animar, pois na véspera ficamos sabendo que Lars não ia poder ir a Tromsø comigo porque teria que trabalhar. Não teve jeito.

Mas pra não melar tudo de vez, na sexta ele sube que poderia viajar no Sábado ao menos. Ia perder o show do a-ha, mas ao menos poderíamos passear juntos o resto do fim de semana. Consegui trocar a passagem dele, e às 6 da tarde lá fui eu rumo à Paris do Norte. Não fui eu que inventei isso, são as pessoas de lá que assim chamam a cidade.

Tromsø fica a exatos 2 mil quilômetros abaixo do Pólo Norte. Tem 66 mil habitantes, 20 mil a mais que Bodø. Foi a capital da Noruega por 2 semanas durante a II Guerra. Fica num fjord, e acidade é formada por uma ilha dentro desse fjord, chamada Tromsøya, e outra parte fica no continente. As duas partes são ligadas por uma ponte...

O tempo lá tava tão bom como aqui. Só mais frio... O aeroporto é um ovo, e fica do outro lado da ilha. Peguei um busão que me deixaria perto do hotel. Descendo dele, me perdi uns 5 minutos, mas logo achei o hotel. Um Thon novinho, bem decente. E mal tive tempo de largar as coisas, já saí correndo pro estádio. Com uma hora de antecedência pro show. Andei uns 15, 20 minutos. A ilha é uma montanhona, e claro, o Valhall fica no topo dela... Uma subida de fazer faltar o ar, e ar frio, que não ajuda. Ao chegar, fui pra bilheteria tentar vender o ingresso do Lars. Em 5 minutos apareceu um interessado. Mas entrei em campo 20:50, achando tarde. Pra minha surpresa - e isso é uma característica noruga - o povo tava por ali mais interessado em socializar e tomar cerveja. Eu, com esse meu tamanho todo, fui driblando a galera, e consegui chegar a uns 50 metros do palco. Me meti entre duas famílias com crianças.

Uns 15 minutos depois começou uma certa empurração vinda de trás, a ponto da organização ter que vir ao palco e pedir pro pessoal todo dar um passinho pra trás pra não espremer as crianças, que eram muitas. Me espantei ao ver o encontro de gerações, eram pais com filhos e avós com netos!

Às 21:30 em ponto, começa a introdução.... E aí a gritaria, e PUF! Meus heróis aparecem no palco. Eu estava perto o suficiente pra poder as carinhas deles, os sorriros, expressões... O show abre como de costume com The Sun Always Shines on TV, e a galera tava bem animada. Bem mais animada que no Spektrum ano passsado. A única pena era o tamanho do palco, bem menor que o palco usado nos 4 shows exclusivos em estádios, e sem a parafernália de vídeo. Mas melhor isso que nada!

O set list foi mais curto, 18 músicas apenas, mas cada minuto foi aproveitado ao extremo... Algumas lágrimas em algumas músicas (que quase congelaram, pois tava frio pacarvalho!), bastante sing-along... Morten tava cantando como um anjo e não esqueceu a letra de nenhuma música (como ele costuma). Magão animadíssimo como sempre, e Paul sorrindo muito, também não é costume...Meus vídeos ficaram horríveis, o som não dá praaproveitar, mas como sempre (fã do a-ha é sempre generoso com isso...) uma alma caridosa filmou o show inteiro e subiu tudo no Youtube. Os vídeos podem ser vistos nesse canal aqui. No post, destaco os vídeos cujas performances me impressionaram mais...

Manhattan Skyline... Wave goodbye, wave goodbye, waaaave goodbyyyyyyyeeeeee.....



We´re looking for the whales, que eu nunca tinha ouvido ao vivo!



The Living Daylights - no final da música, já no final do show, Magão botou a norugada toda pulando pra espantar o frio... E ouvir o coro da galera cantando junto me arrepiou...



Voltando pro encore, uma impressionante Cry Wolf, com Magão tocando batera com Karl. E uma surpresa! Anneli Drecker, cantora do Bel Canto, natural de Tromsø, veio dar uma canja, já a banda dela se apresentou no festival também. Anneli participou do Live at Valhall, em Oslo em 2001, e da turnê do Lifelines com o a-ha. Eu adoro Crying in the Rain em dueto com ela...



Uma amostra das minhas fotinhas tremidas e cheias de cabelo, cabeças e luvas na frente...













Nem acreditei quando terminou o show - passou voando. Eu teria ficado ali mais umas 3 horas na boa, mesmo no frio. Durante o show o tempo fechou, e começou a garoar na volta pra casa. 13 mil pessoas desceram as ladeiras de Tromsø ao mesmo tempo, e sem incidentes. Foi uma via sacra voltar pra cidade, mas tudo na maior paz!

Apesar de lamentar Lars ter perdido o show, eu aproveitei por mim e por ele...

Depois conto sobre o resto do fim de semana, senão o post fica longo e chato.

A segunda parte desse post está aqui...