Na quinta feira passada eu saí do trabalho e quase não me aguentava de ansiedade. Afinal, não é todo dia que alguém se prepara pra ir assistir a sua banda preferida, e menos ainda se prepara pra dar o adeus definitivo a seus ídolos. Lá fomos eu e Lars, e a sogra junto, despencando pro aeroporto de Bodo com destino à Oslo.
Mal posso contar quantas vezes eu imaginei as coisas durante aquele fim de semana em que milhares de fãs do a-ha convergiriam pra capital norueguesa dar seu adeus aos nossos deuses nórdicos. Já havia marcado um encontro com a Fabi, que mora em Oslo, mais o Cesar, que mora na Itália, mais a Silvandra (vinda do Brasil especialmente pro show) e a Ju com o maridón dela, também vindos do Brasil, e no caso destes últimos eu ainda era a portadora dos ingressos, que ela pediu pra enviarem pra minha casa!
Chegando no hotel (depois de nos recuperarmos um pouco do frio, já que fazia -11 graus em Oslo contra 1 positivo em Bodo), a recepcionista imediatamente perguntou se tinhamos vindo pro show do a-ha. Parece que mais de metade de nosso hotel tinha... Nem check-in fizemos direito e já saímos correndo pro encontro, na frente da estação de trem, pra irmos pra mostra do a-ha na Biblioteca Nacional. Esperamos uns 15, 20 minutos e só a Fabi apareceu. Pegamos o ônibus (a sogra junto!) e chegamos no prédio. Na entrada já demos de cara com Cesar. A fila pra entrar no recinto da mostra era de quase uma hora, e só se podia permanecer no local por 20 minutos. Eu tinha esperado horrores dessa tal mostra. Depois de trocar algumas a-hafofocas com Cesar, conhecer outros fãs e tals, entramos eu e Fabi.
A tal exposição ccontinha muitas fotos, álbuns, singles, em vinil, laser vídeo (alguém lembra?) e CD, presentes de fãs pra banda, uma das famosas pulseirinhas do Morten, e num telão passavam vídeos do a-ha, mas nada mais especial que isso. Fiquei bem feliz por não ter pago nada pra entrar ali, se tivesse teria ficado fula! Na saída o marido da Ju me liga dizendo que ele e Silvandra ficaram esperando a gente mais de uma... Na entrada errada... Uma pena! Combinei com ele de passar no hotel deles pra entregar os ingressos (as pessoas na Biblioteca ficavam me encarando tentando ler meu envelope, eu tava com medo que alguém quisesse tomar os ingressos de mim, aquilo valia era ouro, minha gente!). Finalmente os conheci pessoalmente, batemos um papinho até a hora da Fabi ir pro Spektrum. Lars e a mãe já haviam nos abandonado lá na Biblioteca, não quiseram ver a mostra...
Voltei pro hotel pra comer e dar uma descansada, um sono embelezador pra tão esperada fã party. E aí vem um dos momentos em que cabe falar de expectativa... Eu achava que com a cidade lotada de fana-háticos, as pessoas (os fãs) seriam mais amigáveis e interagissem mais umas com as outras. Chegamos pra fila do Foketeateret umas 22:30, antes de acabar o show no Spektrum. Não tinha muita gente na nossa frente. Mas as pessoas não conversavam na fila. Muitos tentaram furá-la, outros ainda vinham desesperados tentar comprar um ingresso, e outros tentaram usar o jeitinho pra passar na frente. As portas finalmente se abriram, entramos, e havia logo na entrada uma mesa com umas camisetas lindas. Eu toquei numa apenas pra olhar, porque teria comprado, quando uma fulana começa a me gritar pra eu tirar a mão que elas eram todas reservadas pra quem comprou antes... Hã? Ah, tá bom, enfia, fia... Já me estragou o clima. Afinal, isso era uma festa, né?
Mais pra frente, uma mesa com uma gincaninha com um a-haquiz pras pessoas se conhecerem melhor. Não funcionou, eu agarantio ;)
Então Lars e eu agarramos nossos drinks e fomos nos sentar numa mesa num cantinho. Aos poucos a festa foi enchendo, e a fauna que habitava aquele lugar foi ficando cada vez mais esqusita! Eu e Lars praticando peoplewatch, nosso esporte favorito. E tinha gente cuspida diretamente dum túnel do tempo, em modelitos anos 80, tipo bota branca e camiseta de lantejoula com chuquinha no alto da cabeça, até sujeitos com a maior de cara de "nem sei quem é a-ha", e eram justamente esses que estavam cantarolando musiquinhas como "Maybe,Maybe". Os irlandeses num canto, os italianos no outro, japoneses em vários cantos, russos aqui, alemães ali, ingleses espalhados por todos os lados. Cadê a interação? Mas mesmo assim rachamos de rir com as camisetas do fãs clubes, os modelitos, os vários níveis de devoção à banda, os que apareceram desfilando suas camisetas vintage do a-ha...
Finalmente Carrol fez sua aproximação. Trocamos telefone via Orkut mas eu nunca a havia visto. Ela reconheceu Lars pela fota do Orkut! Então ela se sentou conosco e ficamos um tempão a-haconversando. E depois de ver que a coisa não sairia muito daquilo, resolvemos ir embora. Saí de lá me sentindo completamente roubada, afinal, foram 285 coroas por cabeça por aquilo. Ao menos foi uma balada em que só tocou a-ha e ninguém achou ruim! Na saída ganhamos um DVD com a coletânea de imagens que estavam passando no telão.
De lá tomamos uns drinks no bar do hotel, e começaram a chegar outros fãs... Fiquei um tempinho batendo papo com uma russa muito doce. A maioria do povo com quem tive contato tinha ido pra mais de um show. A russa tinha ido aos 3 e ainda iria no Sábado. Dizia pro Lars "Tá vendo? Você acha que eu sou doida, é? Eu me contento com um só!" rsrsrs
No sabadão acordamos e logo saímos pra fazer umas últimas compritchas em Oslo. Lá pelas duas da tarde encontei a Márcia, e depois a Carolina (linda, toda barrigudona!) com os respectivos maridos. Depois chegou Carrol com o livro "The Swing of Things" que ela me vendeu. Passamos umas muito agradáveis horas no Hard Rock Café de Oslo (tava tudo entupido de gente na cidade!). E de repente olhei no relógio e PUF! Já era hora de ir andando... Na minha cabeça seria um show muito emocionante... Eu tava cheia de ansiedade mas tentando me segurar.
O jantar do hotel atrasou e não pudemos esperar, saímos sem comer (mas ainda estávamos meio sustentados pelo rango do Hard Rock). A temperatura era por volta de -15 graus. As maçãs do rosto, os pelos do nariz, a saliva nos lábios e a aguinha dos olhos literalmente congelavam! Chegamos no nosso portão de entrada no momento em que abriam as portas. Lá dentro ainda meio vazio. Resolvi parar atrás um pouco, não queria ficar na frentona porque não queria acabar com uma parede viking na frente estragando minhas expectativas. Preferi ver mais de longe, mas com um certo conforto. Ainda mais sabendo que o DVD seria gravado naquela noite... Tava tentando imaginar se teriam alguma carta na manga, uma surpresinha final... Encontrei Cesar lá no meião, batemos um papinho, e ficamos por ali... E o povo foi chegando, chegando, chegando... Olhei ao redor, e pra cima, pra olhar o panorama geral do Spektrum, e já botei olhão numa bandeirona brasileira pendurada láááááááááá na última fileira. Havia bandeiras argentinas, russas, inglesas, irlandesas (isso que eu vi, pois no fim não vi foi muito não!). De repente aquele lugar estava abarrotado, apinhado de gente. Até lá atrás, onde eu estava, estava apertado. E adivinha o que? Uma parece viking daquelas de costas bem largas se plantou BEM NA MINHA FRENTE... O jeito foi relaxar e tentar curtir da melhor maneira possível.
E logo após a introdução maravilhosa, quando começaram "The Sun Always Shines on TV" eu desatei a chorar sem controle. As lágrimas escorriam... Pensar que aquela seria a última vez que essa pérola seria executada ao vivo... Quando os efeitos de fogos explodiram, eu explodi junto. E assim foi no começo do set list. Chorei pacas, música após música. Ao meu lado, um raro fana-hático norueguês que se esgoelava a cada canção. Ao redor de nós o povo estava mais mortinho, então eu me juntei a ele na esgoelação. O norugão do meu outro lado olhava pra mim e ficava meio sem entender porque eu chorava tanto.... Meu marido enxugava minhas lágimas. Eram um mix de tristeza, alegria por estar ali naquele momento, um turbilhão de emoções difíceis de explicar...
Morten esteve impecável. Não errou nenhuma letra e nem desafinou nenhuma vezinha. Cantou como um anjo caído do céu. Paul se incendiou, e até conversou com o público - coisa que raramente fez em 25 anos - e deu seu recado. "Mesmo que estejamos desligando os aparelhos que mantém o a-ha vivo, nós três continuaremos fazendo música". Eu gritei um u-huuuuul tão grande que fiquei até com dor na garganta...
"Butterfly, Butterfly..." também foi um momento emocionante, e onde a voz do Morten ficou mais perfeita, clara como cristal. Não posso esperar por esse DVD... Apesar de ter assistido male-mal este mesmo show ao menos 3 vezes (os set lists não mudaram muito de concerto pra concerto), este foi sem dúvida especial. Mesmo tendo percebido o modo agressivo com que a produção tentou tirar vantagem dos fãs até o último minuto, vendendo camisetas dentro do Spektrum a absurdas 450 coroas (o mesmo preço do ingresso praticamente), com a fan party, com a tarde de autógrafos na livraria Tanun da Karl Johan na quarta passada (eles só assinavam livros que fossem comprados na hora!)... Mesmo enxergando hoje a banda como um cofrinho, é uma pusta duma banda mal interpretada ao longo dos anos, sub-estimada pela imagem de boy band. Os três são excelentes músicos e ainda bem que continuarão a encantar muitos de nós com suas músicas (mesmo que separados).
A surpresinha reservada pros fãs foi na verdade uma homenagem a Terry Slater, conhecido manager de bandas, e primeiro manager do a-ha. Slater escreveu "Bowling Green", que foi gravada pelos Everly Brothers em 1967, sendo o último grande hit da banda. Ficou bonitinho, mas nada a ver com o a-ha. O máximo mesmo foi o figurino, esse terno vermelho do Morten está uma cousa...
Não houve lágrimas por parte deles, só por parte dos fãs. Aliás, achei até que eles estavam emocionados, mas sempre à moda norueguesa de se emocionar, claro. Cheios de reservas. Até os abracinhos entre eles no final foram meio furrecas, tocaram a nós mas que a eles. Mas sem dúvida, valeu cada centavo, e como cada show que eu vi foi melhor que o anterior, posso afirmar que esse foi o melhor. Pra mim. Obrigada, meninos, por 25 anos de boas músicas, e memórias adolescentes trazidas à tona com muita poesia melancólica...
Saí do Spektrum pra aqueles congelantes -16 graus com o coração aquecido - e amolecido. Mas com sensação de dever de fã cumprido. E tava difícil acreditar que aquele foi mesmo o último hurrah. Tive uma sensação de que os verei novamente. Mesmo que pra uma rápida reunião, um showzinho por uma causa nobre ou algo do gênero. Estava no ar.
Continua... Logo mais, a novela pra sair de Oslo e chegar em São Paulo. Enfim, de férias na terrinha!
Mal posso contar quantas vezes eu imaginei as coisas durante aquele fim de semana em que milhares de fãs do a-ha convergiriam pra capital norueguesa dar seu adeus aos nossos deuses nórdicos. Já havia marcado um encontro com a Fabi, que mora em Oslo, mais o Cesar, que mora na Itália, mais a Silvandra (vinda do Brasil especialmente pro show) e a Ju com o maridón dela, também vindos do Brasil, e no caso destes últimos eu ainda era a portadora dos ingressos, que ela pediu pra enviarem pra minha casa!
Chegando no hotel (depois de nos recuperarmos um pouco do frio, já que fazia -11 graus em Oslo contra 1 positivo em Bodo), a recepcionista imediatamente perguntou se tinhamos vindo pro show do a-ha. Parece que mais de metade de nosso hotel tinha... Nem check-in fizemos direito e já saímos correndo pro encontro, na frente da estação de trem, pra irmos pra mostra do a-ha na Biblioteca Nacional. Esperamos uns 15, 20 minutos e só a Fabi apareceu. Pegamos o ônibus (a sogra junto!) e chegamos no prédio. Na entrada já demos de cara com Cesar. A fila pra entrar no recinto da mostra era de quase uma hora, e só se podia permanecer no local por 20 minutos. Eu tinha esperado horrores dessa tal mostra. Depois de trocar algumas a-hafofocas com Cesar, conhecer outros fãs e tals, entramos eu e Fabi.
A tal exposição ccontinha muitas fotos, álbuns, singles, em vinil, laser vídeo (alguém lembra?) e CD, presentes de fãs pra banda, uma das famosas pulseirinhas do Morten, e num telão passavam vídeos do a-ha, mas nada mais especial que isso. Fiquei bem feliz por não ter pago nada pra entrar ali, se tivesse teria ficado fula! Na saída o marido da Ju me liga dizendo que ele e Silvandra ficaram esperando a gente mais de uma... Na entrada errada... Uma pena! Combinei com ele de passar no hotel deles pra entregar os ingressos (as pessoas na Biblioteca ficavam me encarando tentando ler meu envelope, eu tava com medo que alguém quisesse tomar os ingressos de mim, aquilo valia era ouro, minha gente!). Finalmente os conheci pessoalmente, batemos um papinho até a hora da Fabi ir pro Spektrum. Lars e a mãe já haviam nos abandonado lá na Biblioteca, não quiseram ver a mostra...
Voltei pro hotel pra comer e dar uma descansada, um sono embelezador pra tão esperada fã party. E aí vem um dos momentos em que cabe falar de expectativa... Eu achava que com a cidade lotada de fana-háticos, as pessoas (os fãs) seriam mais amigáveis e interagissem mais umas com as outras. Chegamos pra fila do Foketeateret umas 22:30, antes de acabar o show no Spektrum. Não tinha muita gente na nossa frente. Mas as pessoas não conversavam na fila. Muitos tentaram furá-la, outros ainda vinham desesperados tentar comprar um ingresso, e outros tentaram usar o jeitinho pra passar na frente. As portas finalmente se abriram, entramos, e havia logo na entrada uma mesa com umas camisetas lindas. Eu toquei numa apenas pra olhar, porque teria comprado, quando uma fulana começa a me gritar pra eu tirar a mão que elas eram todas reservadas pra quem comprou antes... Hã? Ah, tá bom, enfia, fia... Já me estragou o clima. Afinal, isso era uma festa, né?
Mais pra frente, uma mesa com uma gincaninha com um a-haquiz pras pessoas se conhecerem melhor. Não funcionou, eu agarantio ;)
Então Lars e eu agarramos nossos drinks e fomos nos sentar numa mesa num cantinho. Aos poucos a festa foi enchendo, e a fauna que habitava aquele lugar foi ficando cada vez mais esqusita! Eu e Lars praticando peoplewatch, nosso esporte favorito. E tinha gente cuspida diretamente dum túnel do tempo, em modelitos anos 80, tipo bota branca e camiseta de lantejoula com chuquinha no alto da cabeça, até sujeitos com a maior de cara de "nem sei quem é a-ha", e eram justamente esses que estavam cantarolando musiquinhas como "Maybe,Maybe". Os irlandeses num canto, os italianos no outro, japoneses em vários cantos, russos aqui, alemães ali, ingleses espalhados por todos os lados. Cadê a interação? Mas mesmo assim rachamos de rir com as camisetas do fãs clubes, os modelitos, os vários níveis de devoção à banda, os que apareceram desfilando suas camisetas vintage do a-ha...
Finalmente Carrol fez sua aproximação. Trocamos telefone via Orkut mas eu nunca a havia visto. Ela reconheceu Lars pela fota do Orkut! Então ela se sentou conosco e ficamos um tempão a-haconversando. E depois de ver que a coisa não sairia muito daquilo, resolvemos ir embora. Saí de lá me sentindo completamente roubada, afinal, foram 285 coroas por cabeça por aquilo. Ao menos foi uma balada em que só tocou a-ha e ninguém achou ruim! Na saída ganhamos um DVD com a coletânea de imagens que estavam passando no telão.
De lá tomamos uns drinks no bar do hotel, e começaram a chegar outros fãs... Fiquei um tempinho batendo papo com uma russa muito doce. A maioria do povo com quem tive contato tinha ido pra mais de um show. A russa tinha ido aos 3 e ainda iria no Sábado. Dizia pro Lars "Tá vendo? Você acha que eu sou doida, é? Eu me contento com um só!" rsrsrs
No sabadão acordamos e logo saímos pra fazer umas últimas compritchas em Oslo. Lá pelas duas da tarde encontei a Márcia, e depois a Carolina (linda, toda barrigudona!) com os respectivos maridos. Depois chegou Carrol com o livro "The Swing of Things" que ela me vendeu. Passamos umas muito agradáveis horas no Hard Rock Café de Oslo (tava tudo entupido de gente na cidade!). E de repente olhei no relógio e PUF! Já era hora de ir andando... Na minha cabeça seria um show muito emocionante... Eu tava cheia de ansiedade mas tentando me segurar.
O jantar do hotel atrasou e não pudemos esperar, saímos sem comer (mas ainda estávamos meio sustentados pelo rango do Hard Rock). A temperatura era por volta de -15 graus. As maçãs do rosto, os pelos do nariz, a saliva nos lábios e a aguinha dos olhos literalmente congelavam! Chegamos no nosso portão de entrada no momento em que abriam as portas. Lá dentro ainda meio vazio. Resolvi parar atrás um pouco, não queria ficar na frentona porque não queria acabar com uma parede viking na frente estragando minhas expectativas. Preferi ver mais de longe, mas com um certo conforto. Ainda mais sabendo que o DVD seria gravado naquela noite... Tava tentando imaginar se teriam alguma carta na manga, uma surpresinha final... Encontrei Cesar lá no meião, batemos um papinho, e ficamos por ali... E o povo foi chegando, chegando, chegando... Olhei ao redor, e pra cima, pra olhar o panorama geral do Spektrum, e já botei olhão numa bandeirona brasileira pendurada láááááááááá na última fileira. Havia bandeiras argentinas, russas, inglesas, irlandesas (isso que eu vi, pois no fim não vi foi muito não!). De repente aquele lugar estava abarrotado, apinhado de gente. Até lá atrás, onde eu estava, estava apertado. E adivinha o que? Uma parece viking daquelas de costas bem largas se plantou BEM NA MINHA FRENTE... O jeito foi relaxar e tentar curtir da melhor maneira possível.
E logo após a introdução maravilhosa, quando começaram "The Sun Always Shines on TV" eu desatei a chorar sem controle. As lágrimas escorriam... Pensar que aquela seria a última vez que essa pérola seria executada ao vivo... Quando os efeitos de fogos explodiram, eu explodi junto. E assim foi no começo do set list. Chorei pacas, música após música. Ao meu lado, um raro fana-hático norueguês que se esgoelava a cada canção. Ao redor de nós o povo estava mais mortinho, então eu me juntei a ele na esgoelação. O norugão do meu outro lado olhava pra mim e ficava meio sem entender porque eu chorava tanto.... Meu marido enxugava minhas lágimas. Eram um mix de tristeza, alegria por estar ali naquele momento, um turbilhão de emoções difíceis de explicar...
Morten esteve impecável. Não errou nenhuma letra e nem desafinou nenhuma vezinha. Cantou como um anjo caído do céu. Paul se incendiou, e até conversou com o público - coisa que raramente fez em 25 anos - e deu seu recado. "Mesmo que estejamos desligando os aparelhos que mantém o a-ha vivo, nós três continuaremos fazendo música". Eu gritei um u-huuuuul tão grande que fiquei até com dor na garganta...
"Butterfly, Butterfly..." também foi um momento emocionante, e onde a voz do Morten ficou mais perfeita, clara como cristal. Não posso esperar por esse DVD... Apesar de ter assistido male-mal este mesmo show ao menos 3 vezes (os set lists não mudaram muito de concerto pra concerto), este foi sem dúvida especial. Mesmo tendo percebido o modo agressivo com que a produção tentou tirar vantagem dos fãs até o último minuto, vendendo camisetas dentro do Spektrum a absurdas 450 coroas (o mesmo preço do ingresso praticamente), com a fan party, com a tarde de autógrafos na livraria Tanun da Karl Johan na quarta passada (eles só assinavam livros que fossem comprados na hora!)... Mesmo enxergando hoje a banda como um cofrinho, é uma pusta duma banda mal interpretada ao longo dos anos, sub-estimada pela imagem de boy band. Os três são excelentes músicos e ainda bem que continuarão a encantar muitos de nós com suas músicas (mesmo que separados).
A surpresinha reservada pros fãs foi na verdade uma homenagem a Terry Slater, conhecido manager de bandas, e primeiro manager do a-ha. Slater escreveu "Bowling Green", que foi gravada pelos Everly Brothers em 1967, sendo o último grande hit da banda. Ficou bonitinho, mas nada a ver com o a-ha. O máximo mesmo foi o figurino, esse terno vermelho do Morten está uma cousa...
Não houve lágrimas por parte deles, só por parte dos fãs. Aliás, achei até que eles estavam emocionados, mas sempre à moda norueguesa de se emocionar, claro. Cheios de reservas. Até os abracinhos entre eles no final foram meio furrecas, tocaram a nós mas que a eles. Mas sem dúvida, valeu cada centavo, e como cada show que eu vi foi melhor que o anterior, posso afirmar que esse foi o melhor. Pra mim. Obrigada, meninos, por 25 anos de boas músicas, e memórias adolescentes trazidas à tona com muita poesia melancólica...
Saí do Spektrum pra aqueles congelantes -16 graus com o coração aquecido - e amolecido. Mas com sensação de dever de fã cumprido. E tava difícil acreditar que aquele foi mesmo o último hurrah. Tive uma sensação de que os verei novamente. Mesmo que pra uma rápida reunião, um showzinho por uma causa nobre ou algo do gênero. Estava no ar.
Continua... Logo mais, a novela pra sair de Oslo e chegar em São Paulo. Enfim, de férias na terrinha!