Eu não cheguei a comentar sobre a erupção do vulcão islandês, primeiro porque a internet fica tão bombardeada sobre o assunto que falar qualquer coisa sobre o mesmo assunto é redundância. E os blogueiros, disseminadores de informação, se adiantam logo em passar informações cruzadas, às vezes erradas, enfim, resolvi dar um tempo, fazendo coisas mais interessantes - pra mim, claro.
Fora o caos aéreo causado pelo vulcão (não vou nem me dar ao trabalho de repetir o nome dele, tá? O islandês é uma língua ancestral que evoluiu pouquíssimo ao longo dos anos, e é complicada pra caramba), outro problema que se apresentou pra mim foi o risco de precisar tirar uma licença do trabalho. Assim, da noite pro dia, todas as conferências e reuniões que aconteceriam no hotel (que é um hotel executivo e vive disso) antes do verão foram canceladas. Assim, foi preciso reduzir o contingente de funcionários a um mínimo. Como somos muito flexíveis, a coisa foi feita de modo que ninguém saísse totalmente prejudicado. E como eu e Lars já havíamos planejado uma semana de férias em maio, eu não precisei (ainda) ser jogada no banco de reserva.
Dizer que agora é rezar pra que o vulcão sossegue me parece bem triste... O que me fica muito evidente nesse momento é a fragilidade do sistema em que nossas vidas se baseiam nesse período da História. Antes da invenção da aviação, um evento dessa proporção talvez difícilmente virasse notícia. A vida seguiria normalmente, desde que esse vulcão fosse assim, digamos, pequeno e calminho. Veja há quantos anos os havaianos convivem com um vulcão ativo e constantemente atirando lava pra fora... Se fosse um vulcão maior e mais furioso, a coisa seria diferente, como já foi no passado, e ainda pode vir a ser. Explico em breve.
Outra coisa que me irrita profundamente é notar o quão as pessoas ainda são ignorantes com relação às questões de mudanças climáticas, aquecimento global, etc. Talvez lobotomizadas pela mídia main-stream propagandista, que bombardeia informações picadas aqui e ali, mas dificilmente vai fundo às questões. Desde o terremoto no Haiti, leio e ouço coisas do tipo "oh, a natureza está em fúria" ou "ah, é o preço que pagamos por não cuidarmos da natureza", e blablabla. Entretanto, terremotos e vulcões são as forças mais arrasadoras da Natureza sim, e não sofrem NENHUMA influência nossa. Ao contrário, nós é quem vivemos à mercê deles. O centro de nosso planeta é uma bola de líquido fervente quentíssimo, que se comporta como quer, de acordo com suas próprias regras. Nós, que conseguimos estabelecer morada na crosta terrestre, a casquinha da bola de fogo, não podemos controlá-la e nem mudar o seu comportamento.
As placas tectônicas se movem, sim! Não existe a teoria de Pangea, quando todos os continentes eram um só? Ou alguém aí já se deu o trabalho de ler sobre a formação das Ilhas Galápagos? Pois é, se sim, saberia que a cada ano que passa o movimento das placas tectônicas é constante, o aparecimento de falhas é iminente, e por aí vai. Com esse grande número de terremotos ocorrendo no mundo quase silmultâneamente (pra idade da terra, meses devem representar frações de segundo), é óbvio que há uma grande movimentação acontecendo abaixo da nossa casquinha. É possível fazer algo pra prevenir isso? N-Ã-O. É mais fácil hoje em dia começar a prever essas coisas e evitar catástrofes com evacuações. Mesmo assim, tregédias continuarão acontecendo, e hoje ao menos a espécie humana sabe onde amarrou seu burro. Ponto final.
Sobre o vulcão... Domingo passado assistimos por acaso a um especial do History Channel chamado
A Global Warning? O programa fala dos ciclos naturais de aquecimento e esfriamento do planeta, sobre a adaptação das espécies durante essas mudanças, às vezes cíclicas, às vezes abruptas, causadas por situações inesperadas como.... Erupções vulcânicas, tchantchan!!! E bem nesse momento em que meio planeta para por causa de um vulcãozinho num país do qual se ouve falar muito pouco, eu tomo conhecimento da fato de que há dezenas de vulcões mais poderosos que estão já passados do tempo de erupção, que podem entrar em atividade a qualquer momento, com consequências infinitamente mais desastrosas.
Um deles é o Yellowstone, nos Estados Unidos. Se você nunca ouviu falar, é porque nem o Zé Colméia você assistia quando criança.
Yellowstone é um Parque Nacional americano que fica nos Estados do Wyoming, Montana e Idaho. Apesar de a probabilidade do bicho explodir (e esse é um vulcão com uma formação particular, chamada
caldera em inglês) ser pequena no momento, SE isso acontecesse, seria praticamente o fim dos tempos como o conhecemos. Se o caos se instala a partir do momento em que aviões não podem voar hoje em dia, imagina no dia em que uma erupção vulcânica seja tão potente que cubra quase todo o planeta em gases e cinzas, por um período relativamente longo, bloqueando a luz solar e mudando as estações, causando grande esfriamento e portanto as colheitas e a produção de alimentos... Pois é. É pra se parar e pensar, enquanto um sujeito acha que a vida dele acabou porque ficou "preso" na Europa sem conseguir voltar pra casa quando bem entende, que poderia sem BEEEEEEM pior. Olhando pra história (antiga e recente) de outros lugares do mundo, é possível prever o que pode acontecer. Pergunte aum irlandês sobre a Grande Fome irlandesa de 1840 representa a eles, uma fome que pouco teve a ver com a miséria que se vê na África hoje em dia... Aí seria possível perceber que perder sua carona pra casa por 10, 15 dias não é tão ruim assim....
E antes que alguém diga, SIM, EU ADORO CUTUCAR FERIDAS... Pense nisso quando soltar seu papinho "vamos salvar a natureza" assim, da boca pra fora!