sábado, junho 24, 2000

Home, sweet home

Cheguei, depois de oito meses de trabalho escravo, muita exploração, e uma volta pelo Caribe e Europa, completando no total 17 países na rota. Claro que nem todos puderam ser visitados, mas em todo caso, é muito, né?

Volto ao trabalho e a meu lindo maridinho que ficou lá sozinho dia 23 de setembro, quando embarco em Boston, para cruzeiros pela Nova Inglaterra e Canadá, depois Caribe novamente, até partir para a América do Sul em dezembro. Natal no Rio....

A boa nova é que parti de lá com um novo contrato em mãos: agora serei uma Bar Server... Menos tensão, menos indianos e filipinos (so que agora muitos, mas muitos jamaicanos...), mais chilenos e portugueses, mais dinheiro...

Cheguei ontem, 23 de junho, depois de 30 horas de viagem. Sai do porto de Harwich, Inglaterra, as 7 da manhã do horário de lá (2 da manhã aqui). Na porta do barco, uma revista da polícia inglesa daquelas...

Antes de terminar, impressões do último cruzeiro. Como já disse, acho, estava esgotada, e dava uma preguiça desgraçada de sair. E depois que minha amiga Sophie se foi, e o marido não pode sair todo dia como eu, sair sozinha ficou muito chato... Suécia não rolou, por causa de uma tempestade. Na Noruega tava um frio de doer o peito na hora de respirar, e o trabalho era muito. Não rolou. Na Finlândia, dobramos o turno de tanto trabalho. Não deu.

Finalmente Rússia, onde marido tirou folga para me levar para passear. Não tínhamos muito tempo, pois o porto fica a mais de meia hora da cidade. Entao fomos a uma igreja ortodoxa cahamda Church of the Spilt Blood, que presta homenagem ao último czar, Nicolau II, assasinado com toda a sua familia (14 pessoas, incluindo um dos filhos de 9 anos) na Revolução Bolchevique.

O templo é um dos maiores exemplos da arquitetura russa, e balançaa as pernas. Não queria ir embora. Depois fui procurar caviar beluga, mas ainda estava caro (90 doletas um potinho de 30g), e como não dava tempo para continuar procurando, desisti. Depois tentei escolher uma boneca matryoschka, aquelas que são uma dentro da outra, mas eram tantas que desisti. O marido escolhe uma depois, que ele tem mais umas 5 vezes na Rússia. Aí fomos caçar um lugar para comer. Escolhemos um hotel chique, com um café na rua. Escolhemos stroganof russo e típico, o original e veradeiro, feito com páprika econhaque, diferente deste que as donas de casa fazem há anos aqui, com creme de leite e catchup... Delicioso, e regado a cerveja russa, mais ainda...

A noite deveriamos sair para ir a um bar de caviar, mas deu muita preguiça, tava frio, sabe como é, levantar cedo no dia seguinte... Desistimos, e no dia seguinte também fiquei com muita preguiça de sair.


Na Estônia, trabalhei até 12:30, e o barco ia embora 13:30. Fazer o que na rua, que também era longe?

E em Copenhagem, deixamos para sair a noite. Fomos ao Tivoli Gardens, um parque maravilhoso, todo iluminado a noite, e com zilhões de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Até demos uma volta de montanha russa. Jantamos um jantar chique e fomos dormir. Dia seguinte era dia de fazer as malas, entao não sai.

Resumindo, não vi quase nada este ultimo cruzeiro, mas o pouco que experimentei valeu muito a pena.

sábado, junho 10, 2000

Mar do Norte

Pois é, acabou-se a primavera mediterrânea, mas teve início há doze dias o verão escandinavo...

Partindo de Barcelona em 29 de maio, quando meu marido retornou ao inferno, rumamos às terras vikings. Antes, claro, passamos por Gibraltar, um pequeno país cheio de pedras, meio inglês meio espanhol, o qual não vi. Depois, Lisboa, cidade lusitana esta a qual não pude ver, pois os passageiros eram monstros alucinados, que comiam feitos dragas e aspiradores de pó. Além do que, todo dia de porto tinha almoço para travel agents. Então, mudamos de cor passando por Hamburgo, belissima cidade na cinza Alemanha. Cidade linda de morrer, com muitas facas alemãs à venda e muitas pessoas alemãs na rua. Lugar extremamente germânico, este... Fiquei, pela primeira vez, meio assustada com o fato de não falar a língua (e que não dá para sair pelas ruas na Alemanha dizendo Ales kaputz in kopf, Kartofenkopf e outras besteiras germânicas, né , Fabio???). Fui ao banco trocar dinheiro, e uma velhinha na fila desatou a falar comigo. RARARARA, nao sabia se ria ou chorava, entao simplesmente sai de perto. Ficamos em Hamburgo até duas da manhã, então eu e o marido fomos dar um rolê para ver qualé que era. Como Amsterdam, há uma rua chamada St. Pauli, que é tipo uma Red Line, toda baseada na indústria do sexo. Putas por todos os lados. Só dava crewmember na rua tendando dar uma aliviada na pressão. Mas as putas, alem de caras, direto dizem : "No black, no indians, no filipinos...". Pode, puta que escolhe???

Acabamos num café tomando cerveja dinamarquesa e comendo kartoffen fritten.

Depois, Oslo, ainda mais cinza, mas adorável, vista do deck do navio pq novamante nem pude sair...

E depois, Copenhagen. Esta sim, uma cidade belíssima. Fui passear com o marido, almoçamos comida dinamarquesa, tomamos mais cerveja dinamarquesa... E os dinamarqueses são super cool. E as bicicletas na rua? E um sol de lascar (para eles) e a gente com 15 casacos, uns dez, 9 graus, por aí...

Hoje, 10 de junho, chegamos em Harwich, Inglaterra, terminando um cruzeiro para começar outro, este sim, muito especial. Primeiro, porque é o meu último antes das férias. Segundo, pelo roteiro. Oslo (desta vez vou lá fora nem que tenha que faltar ao trabalho!!!), depois Stockholm, Suécia, depois Helsinki, Finlândia, aí São Petersburgo, Rússia, com pernoite e dois dias, como em Veneza, depois Tallin, Estônia, depois Copenhagen, com pernoite e dois dias.

Vocês acham que eu vou ficar um pouco acabada ou não?

E terceiro, pasmem: estou dividindo cabine com o meu marido!!!! E um fato raramente visto em toda a Royal Caribbean. Aconteceu que minha cabin mate Agnes, A Filipina, foi embora hoje, um cruzeiro antes de mim, não sei porquê. O contrato dela era diferente. As outras duas garotas da cozinha foram embora hoje. As cabines são limitadas, então o que passou foi que Chef Seidi tinha uma cabine de moças vaga, e outra cabine de moças com uma moça dentro (euzinha) e zero moça chegando. E ela tinha três moços chegando. Um teria que ficar na minha cabine, o que não poderia ser. Como o companheiro de cabine de meu marido se foi hoje também, tinha espaço, onde ela "teoricamente " poderia me colocar. Se eu não topasse, ela teria que mandar para casa hoje, o que seria ruim, pois faltaria uma pessoa para a cozinha.

Então ela me chamou no escritório e perguntou se eu me importava de mudar para a cabine dele. So faltou eu gargalhar na frente dela... Disse que de jeito nenhum. Ela perguntou se ele iria se importar, eu disse não, então, feito. Contei a ele e gargalhamos por 5 minutos.

Pensei que seria uma coisa meio lowprofile, uma vez que isto viola uma regra da empresa. Mas não, a chefa doida botou na lista de troca de cabine, no mural da cozinha. Todo mundo sabe...

Muitos casais agora vão reclamar, uma vez que a excessão foi aberta. Mas e só por um cruzeiro. Não to nem ai, vou aproveitar...

Começo a fazer as malas...

A tirar muitas fotos também... Vou ver o sol da meia noite...

Alias, são dez da noite e eu tô vendo o pôr do sol no mar do Norte pela escotilha do internet cafe. O sol levanta de novo as 4 da manhã...

Muitos beijos e até dia 13, meu querido brasilzão...

Beijo
Camélia