segunda-feira, janeiro 24, 2000

Mais um pouco de bobagens

Pessoas, a cada dia que passa tem ficado mais difícil. É muito trabalho e bastante solidão. Isso pq tenho um cobertor de orelha, imagina se não tivesse... O ambiente é terrível na cozinha. Quando vc chega, você é novidade, e acima de tudo carne fresca. Marmanjo sempre tenta tirar uma casquinha. Como o produto aqui saiu do mercado cedo, e já estão acostumados comigo (não sou mais carne fresca), a hostilidade natural apareceu, oslobinhos tiraram as peles de cordeiro. Ainda mais agora que o povo sabe que eu não tô curtindo trabalhar na cozinha e tô querendo mudar para o bar, mó preconceito... Eles dizem'que eu me acho melhor que eles. Enfim...

Prá ajudar, já estou trabalhando aqui há 3 mese sem folga. Prá ter folga aqui só doente, porque aí eles não deixam trabalhar não. Meu namorado ficou com uma horrível semana passada, confinado na cabine três dias. E eu indo lá levar cházinho pra ver se pegava a bendita, e nada...

Ao menos tinham me mudado para o café da manhã, mas eu levanto as 4:45 da manhã todos os dias. E o trabalho é mecânico, todo dia, tudo igual. Ao menos sobra um tempo para conhecer as ilhas, mas quando volto tô morta, e então tenho que ir trabalhar outra vez. Ainda assim poderei conhecer o Caribe.

Legal é quando acontece alguma coisa não-planejada. Tipo outro dia, não pudemos aportar em Key West, então fomos para as Bahamas, cidade de Nassau. Não pude sair, mas deu prá ver um navio da Disney parado ao nosso lado - com Mickeys e Patetas e Donalds por todos os lados. E se por acaso encontramos com um navio da Royal no porto, é possível visitar. Eu nunca gastei energia com isso, pois dizem que por dentro é tudo igual.

E o mar não anda prá peixe. Outro dia estava tão ruim que os trolleys (carrinhos com rodinhas, diferentes tamanhos e funções) andavam sozinhos pela cozinha. Tiveram de ser amarrados. De repente, um THOMP, pegamos uma ondona. Tinha um filipino tomando refri ao meu lado. A coca saiu do copo dele em seguida caiu no copo novamente. Sabe aquela subida e descida que nem turbulência de avião? Foi daquele jeito. Por uns 10 segundos, silêncio total, e então, "Oh, Jesus" pra todos os lados da cozinha. E nestes momentos a pobre mãe do capitão é quem leva, se vcs entendem. Este capitão chama-se Per Moen (capitão Tor saiu de férias) e é mais velho, tem até uma peruquinha, aquelhes toupes no topo da cabeça... Rezo por ele nessas horas, para que ele saiba bem o que faz...

Semana passada tive um curso de combate a incêndio na cozinha. Assustador pensar que algo PODE acontecer a qq momento...

quinta-feira, janeiro 06, 2000

Noite de Reveillón

Trabalhando até 10 da noite... Abrimos uma garrafa de champagne vagabundo que nos foi "gentilmente cedida" para comemorar a meia-noite brasileira. Pensei em todo mundo, amigos e família...

Pouco antes da meia-noite, horário local, ancoramos na baía de Labadee, no Haiti, em frente a praia privada que a Royal tem lá, juntamente com outros 6 navios da RCCL. Houve uma queima de fogos na ilha, que nós assistimos desde o barco. A meia-noite todos os navios apagaram suas luzes e apitaram... Cada um a suameia-noite, que acabou sendo em 7 momentos distintos. A cada minuto era um navio que apitava. Foi bonito...

Depois disso, ainda tentei me arrumar e ir para o crew bar com o namorado, mas resolvemos ir dormir porque a festa tava caidassa. Creio que os passageiros devam ter se divertido mais. No dia seguinte, aconteceu o inesperado, FUI A PRAIA!!! 2 meses no Caribe e esta foi a primeira vez. Resolvi aproveitar pois o Splendor não volta mais a Labadee tão cedo. Era uma chance única. Fiquei um pouco decepcionada, pois consegui sair mais no final da tarde, o sol tava atrás da montanha, então não tinha solzão na praia, que além do que era cheia de pedras e corais. Não deu pra aproveitar muito, mas ainda sim tomei um banhinho de mar só para lavar a alma!

Dois dias depois, tirei folga em Aruba. E como minha resolução de ano novo foi conhecer todas as praias, assim fiz. Fui a praia. Tomei um taxi, pedi informação, e acabei num Hyatt. Ao avistar o mar, ele era tão azulcomo nas fotos das revistas. E a areia branquinha e grossa. Deitei ao sol, feito lagartixa. Tomei banho de mar - a água é azulzinha, mas nãoera tão transparente não. Sou mais o Brasil, pelo que vi até agora.

Flando em Brasil, junto com a Argentina e Uruguai, entram no nosso roteiro para Dezembro de 2000. Será que ainda vou estar aqui?